Petróleo e minério são os destaques da economia africana
Além de possuir um terço do urânio mundial, metade do ouro, dois terços dos diamantes e 10% das reservas estimadas de petróleo, a África tem uma localização privilegiada com acesso aos oceanos Atlântico e Índico
POR: Ana Rita Martins
RESERVAS NATURAIS Maior exportador de petróleo do continente, Angola apresentou um salto econômico
A mudança de patamar das nações que sobressaem se deve, sobretudo, às recentes relações comerciais estabelecidas com os países mais ricos. Até os anos 1960, muitas nações africanas ainda eram colônias e tinham uma economia baseada em transações comerciais internacionais, na maioria das vezes desfavoráveis. Com os movimentos de independência, elas se tornaram protagonistas de seus próprios processos políticos e econômicos e passaram a negociar suas riquezas em condições mais vantajosas. Assim, foi possível, por exemplo, desenvolver tecnologias para a extração de minérios e petróleo por meio de parcerias com investimentos externos ou de empréstimos tomados de organismos internacionais.
Foi exatamente essa a conjuntura que possibilitou o salto econômico de Angola. O país se tornou o maior exportador de petróleo do continente depois de ter passado por 40 anos em guerra civil - que matou cerca de 1 milhão de pessoas e só acabou em 2002. Em 1990, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) angolano estava em 0,143, numa escala de zero a 1 (em que 1 representa o bem-estar máximo). Hoje, está em 0,561 (veja no mapa da página 3 a evolução do IDH dos países africanos). "O próximo desafio do país deve ser investir na diversificação da economia para que não fique sempre à mercê das cotações internacionais do petróleo", afirma Jose Flavio Sombra Saraiva, docente do Departamento de Relações Internacionais da UnB.
Evolução das exportações puxa o progresso interno
Aumentar o rol de bens produzidos é essencial também para construir e fortalecer os mercados internos. Ki-Zerbo diz no livro Para Quando a África? que
um dos maiores problemas africanos atuais é produzir o que não consome e
consumir o que não produz. Essa é uma questão crucial, já que alimentos
industrializados, eletrodomésticos e artigos de higiene, por exemplo,
precisam ser importados por muitas nações - o que torna o custo deles
inacessível à maioria da população.
Investir na infraestrutura das cidades é outra forma de desenvolver a economia local - e os países produtores de petróleo e minério já estão atentos a isso. Em 2006, ao assinar com os chineses um contrato de 4 bilhões de dólares para a exploração conjunta de petróleo, a Nigéria exigiu como uma das contrapartidas a construção de hidrelétricas e pontes, entre outras obras. O comércio da China com os países africanos, aliás, aumentou quase dez vezes na última década, chegando a 107 bilhões de dólares em 2008. Os Estados Unidos também estão focados na África para reduzir sua dependência dos países do Oriente Médio no que se refere ao fornecimento de petróleo - hoje, 15% do óleo comprado pelos norte -americanos é africano.
Outro desafio econômico do continente é estabelecer políticas públicas eficientes nos países que não possuem jazidas minerais e reservas de petróleo. Vale lembrar que a maioria das nações ainda é essencialmente agrícola e que fortalecer esse setor produtivo também é essencial para garantir o crescimento sustentável principalmente dos países da África Subsaariana, que são os mais pobres.
RECURSOS EXTERNOS O investimento em infraestrutura foi exigido pela Nigéria em acordo com a China
Investir na infraestrutura das cidades é outra forma de desenvolver a economia local - e os países produtores de petróleo e minério já estão atentos a isso. Em 2006, ao assinar com os chineses um contrato de 4 bilhões de dólares para a exploração conjunta de petróleo, a Nigéria exigiu como uma das contrapartidas a construção de hidrelétricas e pontes, entre outras obras. O comércio da China com os países africanos, aliás, aumentou quase dez vezes na última década, chegando a 107 bilhões de dólares em 2008. Os Estados Unidos também estão focados na África para reduzir sua dependência dos países do Oriente Médio no que se refere ao fornecimento de petróleo - hoje, 15% do óleo comprado pelos norte -americanos é africano.
Outro desafio econômico do continente é estabelecer políticas públicas eficientes nos países que não possuem jazidas minerais e reservas de petróleo. Vale lembrar que a maioria das nações ainda é essencialmente agrícola e que fortalecer esse setor produtivo também é essencial para garantir o crescimento sustentável principalmente dos países da África Subsaariana, que são os mais pobres.
Países africanos com IDH acima de 0,5
Fonte: Almanaque Abril, 1990 e 2010 e Human Development Reporter (HDR)
Países africanos com IDH acima de 0,5
| |||||
1990
|
2010
| ||||
1. Maurício 2. Seichelles 3. África do Sul 4. Líbia 5. Tunísia 6. Botsuana 7. Argélia 8. Gabão | 0,794 0,761 0,673 0,658 0,600 0,552 0,528 0,503 | 1. Líbia 2. Seichelles 3. Maurício 4. Tunísia 5. Gabão 6. Argélia 7. Guiné Equatorial 8. Cabo Verde 9. Egito 10. Botsuana 11. Namíbia 12. África do Sul 13. Marrocos 14. São Tomé e Príncipe 15. Congo | 0,847 0,845 0,804 0,769 0,755 0,754 0,719 0,708 0,703 0,694 0,686 0,683 0,654 0,651 0,601 | 16. Comores 17. Suazilândia 18. Angola 19. Madagascar 20. Quênia 21. Sudão 22. Tanzânia 23. Gana 24. Camarões 25. Djibuti 26. Mauritânia 27. Lesoto 28. Uganda 29. Nigéria | 0,576 0,572 0,561 0,543 0,541 0,531 0,530 0,526 0,523 0,520 0,520 0,514 0,514 0,511 |
Quer saber mais?
CONTATOS
Amailton de Azevedo
Leila Leite Hernandez
Pio Penna Filho
BIBLIOGRAFIA
A África e os Africanos na Formação do Mundo Atlântico - 1400-1800, John Thornton, 436 págs., Ed. Campus, tel. 0800-026-5340, 99,90 reais
África - Horizontes e Desafios no Século XXI, Charles Pennaforte, 64 págs., Ed. Atual, tel. (11) 3613-3000, 31,90 reais
A África na Sala de Aula - Visita à História Contemporânea, Elikia M’Bokolo, 584 págs., Ed. Colibri, 25 euros
África Negra, História e Civilizações - Até ao Século XVIII, Tomo I, 584 págs., Ed. Colibri, 25 euros
África Negra, História e Civilizações - Do século XIX aos Nossos Dias, Tomo II, 626 págs., Ed. Colibri, 25 euros
História Geral da África - Metodologia e Pré-História da África, Vol. I, J. Ki-Zerbo (coord.), 863 págs., Ed. Ática, tel. 0800-115152 (edição esgotada)
Para Quando a África?, Joseph Ki-Zerbo, 172 págs., Ed. Pallas, tel. (21) 2270-0186, 40 reais
Amailton de Azevedo
Leila Leite Hernandez
Pio Penna Filho
BIBLIOGRAFIA
A África e os Africanos na Formação do Mundo Atlântico - 1400-1800, John Thornton, 436 págs., Ed. Campus, tel. 0800-026-5340, 99,90 reais
África - Horizontes e Desafios no Século XXI, Charles Pennaforte, 64 págs., Ed. Atual, tel. (11) 3613-3000, 31,90 reais
A África na Sala de Aula - Visita à História Contemporânea, Elikia M’Bokolo, 584 págs., Ed. Colibri, 25 euros
África Negra, História e Civilizações - Até ao Século XVIII, Tomo I, 584 págs., Ed. Colibri, 25 euros
África Negra, História e Civilizações - Do século XIX aos Nossos Dias, Tomo II, 626 págs., Ed. Colibri, 25 euros
História Geral da África - Metodologia e Pré-História da África, Vol. I, J. Ki-Zerbo (coord.), 863 págs., Ed. Ática, tel. 0800-115152 (edição esgotada)
Para Quando a África?, Joseph Ki-Zerbo, 172 págs., Ed. Pallas, tel. (21) 2270-0186, 40 reais
Sem comentários:
Enviar um comentário